Maliô D. Martins, nosso fundador, nos diz que a Experiência Puro Ser começou a ser cultivada muito cedo em sua vida, ainda na infância, quando os primeiros gestos de linguagem já revelavam seu desejo profundo de compreender e se comunicar com o mundo. Um desejo que, a princípio, se via dificultado por sua alta sensibilidade diante do contato com outras pessoas. Sua dificuldade, porém, nunca foi em perceber as nuances sensíveis de seu próprio mundo interno, mas sim em comunicá-las de forma literal para si e para os demais, assim como compreender as entrelinhas dos discursos alheios.
Ainda assim, foi justamente a permanência desse anseio por vínculos genuínos ao longo de sua história, somada a sua busca constante por conhecimento, que culminaram em seu hiperfoco nas relações humanas e nos encontros com a natureza mais-que-humana. Essa trajetória o conduziu ao bacharelado em Psicologia, onde se aprofundou em áreas como Comunicação Não Violenta, Educação Emocional Positiva, Estudos de gênero, identidade e performatividade, Psicologia Ambiental, Psicologia Analítica, Análise Transacional, Psicologia Sistêmica, Fenomenologia da Percepção e outras disciplinas, todas afinadas sob uma perspectiva crítica decolonial. Tais percursos expandiram ainda mais sua compreensão para além do indivíduo, despertando nele uma percepção enraizada na consciência de interser. Foi isso que levou Maliô, mais tarde em sua jornada, a encontrar força e condições para ampliar, gradativamente, seu nível de exposição aos círculos sociais que cruzaram seu caminho. Como pessoa autista, sua escuta precisou desde muito cedo se afinar com o que não era dito: com os símbolos, com os afetos, bem como com os pactos silenciosos e implícitos da sociedade, para diminuir os desencontros, ruídos de comunicação, e consequentes violências geradas e sofridas devido a esses ruídos.
Desde muito cedo, Maliô percebeu que a literalidade nunca foi suficiente para explicar aquilo que sentimos. Por isso, logo em sua juventude, Maliô se fascinou pelo território das entrelinhas, dos sentidos profundos, da poesia, da música, e das narrativas invisíveis que organizam a realidade. Esse caminho de escuta sensível amadureceu durante toda a vida, mas foi num assalto à mão armada, onde Maliô passou por uma experiência de quase morte (EQM), que, de fato, aconteceu uma mudança profunda em sua percepção da realidade e a existência como um todo se reorganizou radicalmente para ele.
Nesse momento-limiar, algo essencial se revelou: a guerra interna cedeu espaço à paz. A exigência de ser compreendido foi substituída por um estado de contentamento silencioso e de perdão profundo pela sua incapacidade de entender e ser entendido, reconhecendo-se absolutamente visto pelo divino, algo que chamamos, em nosso cotidiano, como o acesso a um estado de graça.
Algumas luas depois, em um ritual com a Sagrada Medicina da Floresta Ayahuasca, onde entrou em contato com forças ultraterrestres, Maliô recebeu uma chave — Puro Ser — através de uma revelação espiritual: o que havia vivido como algo íntimo , revelou-se, mais tarde, como um chamado maior.
Nasceu assim a Experiência Puro Ser: como caminho, como campo de consciência e como missão compartilhada para aqueles e aquelas que também sentiam profundamente a necessidade de findar os ciclos de sofrimento e separatividade que dão origem a todas as guerras neste planeta.